O método formalista estuda a formação da obra de arte partindo da
teoria da “pura visualidade” onde as formas têm um conteúdo significativo
próprio que não se
confunde com os temas religiosos e históricos que de vez em quando comunicam. Para Fiedler a arte não é
imitação de formas preexistentes mas livre criação. O princípio e a finalidade
da arte é a criação de formas que somente para ela se tornam reais. A arte não
parte do pensamento, do produto do espírito para descer à forma e à figura,
mas, pelo contrário, parte do imaterial e do abstrato para se elevar à figura e
à forma. O formalismo de Fiedler, bem como, de uma maneira geral, os
formalismos epistemológicos, não pretende excluir os valores semânticos mas
somente evidenciar na forma (e por vezes no conteúdo) o carácter inédito da
obra de arte. As
formas exprimem um conteúdo próprio.
O campo da arte é, portanto, o da percepção
objetiva. No plano da aplicação histórica o seu maior expoente foi Heinrich
Wölfflin. (Argan, 1994, pág. 34). Este autor,
crítico de arte, tentou cingir os sistemas de sinais representativos a algumas categorias fundamentais: linear e
pictórico; superfície, profundidade; forma fechada e forma aberta;
multiplicidade e unidade; clareza e não clareza. (Argan,
1994, pág. 35)
Para Alois Riegl “a simbologia que está
implícita na morfologia dos adornos reflete uma intuição do espaço e do tempo próprio do mesmo grupo étnico e dependente do
tipo de experiência vivida”(Argan,
1994, pág. 35)
. Para ele a arte não é determinada por fatores exteriores, mas motivada e
dirigida do interior.
Este pensamento permitiu suplantar a classificação
dos factos artísticos segundo nações para adotar sistemas mais de classificação mais inclusivos como o da arte
“ocidental” e o da “arte oriental”.
É inegável que existem relações mais íntimas
e frequentes entre fenómenos da mesma área cultural, não se tratando contudo de
constantes invariáveis, mas de desenvolvimentos
históricos.
Conclui-se então, com Argan que “cada artista
opera na base de uma cultura sedimentada e difusa que a sua busca pessoal contribui para alargar,
aprofundar, mudar.”(p.36).
MÉTODO
SOCIOLÓGICO
O método sociológico tem a sua origem no
pensamento positivista do século XIX, tendo a primeira história social da arte
sido escrita por H. Taine. “A obra de arte produz-se no interior de uma
sociedade e de uma situação histórica específica”, (Argan, 1994, pág. 36) sendo
o artista parte ativa da estrutura social, e sua obra, como qualquer outro
produto, é promovida, avaliada, utilizada.
A
historiografia marxista, tendo como principais pesquisadores Antal e, sobretudo
Hauser, orientou a pesquisa no campo sociológico para a busca da relação entre
arte e sociedade na própria estrutura da forma e na organização dos sistemas de
representação.
Existem fatores
que influenciam a obra de arte: “por que interesses, de que maneiras, com que
fins, os expoentes do poder religioso, político e económico encomendam as obras
de arte. Em certos períodos a
actividade artística surge condicionada pelos centros de poder.” (Argan,
1994, pág. 36). Porém noutros momentos, “os
artistas parecem ser os únicos
responsáveis pela produção artística e pela respetiva função no sistema
cultural.” (ibidem)
Conclui-se que o método sociológico vê na
obra o reflexo da sociedade que a criou.
MÉTODO
ICONOLÓGICO
Como vimos, seguindo Argan, o método
formalista estuda a desenvolvimento da
obra de arte na consciência do artista e o método sociológico a sua
formação e presença na realidade social.
Já o método iconológico parte do princípio de
que a arte tem impulsos muito profundos
enraizados no inconsciente individual e coletivo.
Teve sua génese e desenvolvimento vinculada ao grupo de estudiosos do
instituto fundado por Aby Warburg.
A história da arte, sob a perspetiva
iconológica, “é a da transmissão, da transmutação das imagens.”(Argan, 1994, p.
38) Existe portanto, na história ocidental, uma cultura das imagens.
“As imagens têm no mundo uma existência
própria, propagam-se, embora alteradas, em todas as classes sociais, não
conhecem limites de “escolha” nem de “estilo” nem de nação” (Argan, 1994, p.
39)
Este método
é, por vezes, criticado por não tomar em conta a qualidade das obras e ser incapaz de a assegurar. Este método
resumir-se-ia a recolher e ordenar um extenso, mas indiscriminado material
icónico.
O método iconológico privilegia sobretudo as
mutações e as várias associações de imagens para adquirirem novos significados
Conclui-se que na iconologia o que tem
significado próprio é a imagem. Estuda as “infrações
ao modelo, o percurso muitas vezes misterioso da imagem na imaginação, os
motivos para as suas reaparições por vezes muito distantes no tempo.” (ibidem).
MÉTODO
ESTRUTURALISTA
O método
estruturalista foi posto em movimento a partir do estruturalismo linguístico –
que se caracteriza pela relação de equivalência entre um significante
(algo que enuncia o conceito) e um significado (conceito). Pode-se dizer,
que o significado é uma questão de conteúdo, assim como o significante é uma
questão de forma.
O objetivo do método é localizar aquilo a que
se pode chamar a unidade mínima constitutiva do
ato artístico tal como o lugar, o tempo e a cultura em que foi
concebida.
Portanto, “cabe ao estudioso da arte a função
específica da descodificação das
mensagens por sinais.” (Argan,1994 , p. 40). “Uma vez que os sinais são
significantes, ou seja exprimem-se, o
problema da arte está incluído no da comunicação.”( ibidem)
Para tanto, utilizam-se do conceito
universalizante do signo. Com o estudo do sinal (semiologia) pretende-se
substituir a mutabilidade das interpretações pela decifração rigorosa dos
signos. Uma vez que os sinais são significantes, o problema da arte estaria
incluído no da comunicação, portanto ligado à linguagem.
Todas as obras possuem estruturas a serem decifradas,
que levarão ao desvelamento de um significado dado.
“O que na obra de arte se manifesta como
estrutura? Estrutura é, antes de mais nada, cada obra de arte tomada em
particular. Mas para que uma obra de arte possa ser compreendida como
estrutura, tem de ser entendida – e também criada – em relação a determinadas
convenções artísticas (fórmulas), estabelecidas pela tradição artística, que
estão na consciência dos artistas e dos recetores”. (Jan Mukarovsky)
Argan, G. & Fagiolo, M. (1994). Guia de
História da Arte. Lisboa: Editorial Estampa.
Mukarovský, J.
(2011) Escritos Sobre Estética e Semiótica da Arte. Lisboa: Editorial Estampa.
Joly, Martine
(1994) — Introdução à Análise da Imagem, Lisboa, Ed. 70, 2007 — Digitalizado
por SOUZA, R.
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